sábado, 5 de março de 2011

Amor de Carnaval!!

Aí vai minha outra história, inspirada na folia de momo.
Espero que gostem,
Ju.

Amor de Carnaval

Queria tomar um chocolate quente na cafeteria para espantar o frio atípico daqueles dias de momo, mas chegar lá não estava fácil: pelo caminho, a massa humana insistia em se espremer e esbarrar em si; seu guarda-chuva estava quebrado e suas roupas ensopadas, apesar de não ter ficado tanto tempo ali.
A multidão, alheia às adversidades climáticas e à sua existência, acompanhava o bloco ao som do “hit” do momento.
                Em meio àquela confusão de água, trombadas e “esfrega- esfrega”, deu com longos e molhados cabelos cacheados, acompanhados de um par de olhos castanhos não muito grandes e uma boca carnuda, vermelha, ornada por dentes brancos. Um rosto comum, acompanhado de um corpo maior do que o considerado “normal” ou “tolerável” na sociedade da qual fazia parte.
                A aproximação ocorreu sem qualquer problema: perguntou-lhe o nome, obteve resposta; diante da receptividade, o convite para “conversar em um lugar mais calmo” e não demorou a tê-la em sua cama e concretizar o que havia planejado, vivendo uma loucura, quatro dias que seriam esquecidos facilmente.
                Tão facilmente que, vários meses, ainda se lembrava daqueles momentos como quando aconteceram, sentindo o aroma que ela exalava, a textura da pele, a maciez dos cabelos, seus contornos...
                Ainda estava presente o paladar daquela boca, quando se lembrava dos beijos que trocaram; ela provocava, beijando levemente seus olhos, depois as bochechas, depois a ponta do nariz e, por fim, o lábio superior, para só então invadir a boca com seu gosto doce e quente.
                Finalmente, recordava da sensação de liberdade e da alegria que lhe despertou; ao lado dela, não precisou fingir ser o que não era: andou de pés no chão, riu a plenos pulmões, comeu à vontade, deixou de fazer exercícios, fez amor como sempre quis.
 Andaram de mãos dadas, por todos os cantos daquela cidadezinha, lugar de sua aventura, o mundo daquela que se tornou seu presente, ao menos naquela semana...
Partiu. Simplesmente. Nem uma palavra. Sem abraços. Sem beijos. Sem a promessa de um possível retorno, embora soubessem que estavam eternamente ligados, enquanto aquelas lembranças povoassem suas mentes.
Esses pensamentos borbulhavam em sua cabeça e por ela passava uma série de sentimentos: a alegria do retorno, a saudade saciada...
Notou um burburinho na praça, onde se conheceram; um grupo de mães com seus filhos brincavam ali.
Observando de longe, notou a jovem, que parecia segurar um bebê.
                Diante de seu grande amor, os olhos da jovem marejaram; ela, então, virou-se rapidamente na direção do homem que a chamava.
                Um homem já velho, que a pegou pelo braço e a levou para uma casa do outro lado da praça.
                Olhando para trás, percebeu o amor que ela sentia e a besteira que fizera, abandonando ao seu grande amor, bem como ao seu filho.         
               

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Minha primeira história

Bom dia a todos que lerem este blog, que a paz de Deus esteja com vocês, independente de religião, raça, visão política, peso ou aparência física.
Esta é uma história escrita há tempos, em 2008; foi escrita a pedido da professora de Prática de Leitura e Produção de texto e a mesma deveria ter um final surpreendente.
Como queria uma história com elemento de mistério, escolhi o mistral, um vento que sopra na Europa no outono, que caracteriza-se por ser mais frio e muito seco.
Espero que gostem!
Beijos, segue a história.


O Mistral

Meia-noite... Lá fora, o mistral arrancava as folhas das árvores e levava consigo as que já se tinham caído no fim da triste e fria tarde outonal; nada ficava, além das parreiras e grandes olivais que produziam o melhor azeite e vinho de toda Provença, que ganhava ainda mais charme naquela época do ano.
Do lado de dentro do imponente castelo, o duque de Luberon, deitado, de olhos fechados, rememorava dolorosas lembranças, que o barulho do vento tornava ainda mais pesadas; remexia-se em sua cama, que apesar de forrada do mais fino cetim e com quentes cobertores de penas, não provia o repouso necessário.
Pensava em Georgette Lorriane; doía-lhe a consciência quando lembrava-se da esposa, afinal ela morrera por sua culpa; se ele não a tivesse traído, nada disso se teria passado; mas ele, homem galanteador e fraco, deixou-se envolver por Marie-Antonniette, que apesar de meretriz, era a mulher mais bela de Marselle, bem como de toda a região, desde o condado de Nice até o ducado de Moselle.
Recordou-se do passado distante, e logo chegou-lhe a lembrança daquela madrugada em que estava em Barrois com sua amante; o mistral soprava tal como agora;  eles comiam queijo e tomavam vinho, em meio a uma aura de sensualidade provocada pelo clima, bem como pela bebida e pelo corpo macio e perfumado da bela cocotte...
Entretanto, seu servo o tirou da modorra, avisando- o da morte de sua mulher, já há alguns dias; o filho que ela esperava saiu da mãe preto, seco e endurecido, o que comprovava que a moléstia que o vitimara, bem como a Georgette Lorriane, era realmente grave.
Atormentado pela culpa de ter deixado a esposa só, entregou-se ao desespero e à depressão que aos poucos o afastaram da  frívola vida da corte; então, o duque passou a viver encerrado em seu mundo de remorso e tristeza.
A única razão que o impedia de acabar com sua vida era a existência de Chantal, que aos dez anos ficara sem mãe.
O fruto desse casamento, ocorrido por conveniência, já que o duque não amava de fato a esposa, era o retrato vivo de sua genitora: os cabelos negros levemente ondulados, penteados à época, caíam-lhe pelas espáduas graciosamente envoltas pelo decote do vestido cor-de-rosa, cujo corpete, rebordado de pequeninas flores de safira, destacava sua esbeltez e realçava a alvura de sua pele; os olhos amendoados demonstravam um brilho púbere, que contrastava com a sensualidade de seus lábios volumosos, de onde por vezes escapava o riso infante.
Na verdade, após a morte da esposa, o duque passou a dedicar-se somente à menina, chegando a cuidar pessoalmente de sua educação, de modo que, aos dezoito anos, Chantal personificava aquilo que a corte francesa consideraria a perfeição.
Esta tinha tanta semelhança com aquela que lhe deu à luz que por vezes era  confundida com a mesma, quando desavisados que desconheciam sua orfandade adentravam o castelo e viam o retrato de uma bela jovem sorridente logo á entrada.
Essa circunstância devia-se ao fato de sua mãe ter falecido também muito jovem, sem ter ainda as  devastadoras marcas do tempo.
O duque, ao vê-la, regozijava-se por sua sorte e por seu trabalho; porém, a semelhança da jovem com sua falecida esposa perturbava-o; por vezes chegava a sonhar com a esposa, cuja imagem, em seus devaneios noturnos confundia-se com a da filha.
Tomado de inquietação por seus sentimentos impuros e desesperado por conta de sua situação, ordenou que ela fosse transferida para a ala norte do castelo, onde ele se julgava livre de sua incômoda presença.
Mas aquela criatura, que impregnava cada parte comum do castelo com seu doce e suave perfume de rosas,  aquele demônio de saias e corpete,  já fazia parte de si e já habitava o coração daquele homem  modificado pela dor da culpa e do arrependimento, tornando-o ainda mais atormentado pela tentação do pecado.
Tanto que, naquela noite, o duque pensava em Georgette Lorriane, mas ao lembrar-lhe o rosto, este transformou-se na imagem de Chantal; ele, apavorado, tudo fazia para desviar, em vão, seu pensamento.
Até que um torpor invadiu seu corpo, e a febre da paixão tomou conta de tal forma que, quando percebeu, já havia batido à porta de sua filha, que ao abrir assustada com a voz de seu pai, deparou-se com este, que invadindo sua alcova, tomou-a nos braços beijando-lhe os lábios com a avidez do adolescente que acaba de descobrir o amor.
Porém, não tardou que o duque voltasse a si, mais assustado com a reação da filha do que com sua própria loucura.
Na verdade, a filha do duque nada fez para desvencilhar-se de seus braços quando este invadiu seus aposentos; ao contrário, demonstrou a mesma paixão que o pai, no beijo correspondido.
Assolado por um remorso ainda maior que o habitual, tentou correr para a porta; queria sair dali, recobrar a consciência, mas as mãos da mulher que ali estava pesavam como chumbo quando esta o segurou pelo braço.
_Fique, Bernard.
Completamente aterrorizado com a atitude da moça, Bernard permitiu-se conduzir até o leito, sempre olhando para aqueles olhos castanhos e enigmáticos.
Calmamente, ela abriu seu armário, e tirou uma pequena caixa revestida de veludo vermelho e coberto de minúsculas pérolas.
Abrindo-a, retirou um envelope amarelecido pelo tempo onde se lia “À minha filhinha amada”, e o entregou ao pai.
Ainda aturdido, este abriu o envelope e passou á leitura da epístola, observado atentamente pela moça, que enxergava toda a beleza daquele homem, que apesar de seus quarenta anos transbordava  charme, que aliado à sua sisudez, o tornava irresistível.
_Por que me escondeste tudo isso?
_Era preciso, prometi à mamãe...
_E por que não te foste, quando decorrido o prazo?
Que querias? Dinheiro? Não bastava o que já te havia dado durante esses anos, cuidando de ti e de tua educação? Por que ficaste?
_Sabes muito bem que não preciso do teu dinheiro. Mamãe me deixou um patrimônio considerável.
Bernard estava transtornado.
Chantal, apesar de nervosa, não o demonstrava, pois já imaginava que isso aconteceria, embora o medo de perder Bernard sobressaltasse o coração.
_No começo decidi que não viveria mais neste lugar, que tantas dores me causou e que tantas lembranças tristes me despertava, embora pudesse, com isso, denegrir a imagem de mamãe; entretanto, depois, vendo-te tão dedicado, reconheci que tu ficarias muito só se eu me fosse.
_Isso não pode ser!- Ele soluçava.
_Pode, claro que pode; o fato, Bernard, é que estando contigo, acabei acalentando uma paixão tão avassaladora quanto a tua, chegando a recusar os melhores pretendentes de França, que tudo faziam para vencer teu ciúme.
Tentei esquecer esse amor e afogá-lo dentro de mim, mas assim como tu, não consigo mais suportar a tristeza de não te ter junto a mim...-ela chorava, bem como aquele homem que estava diante de si, e a quem há anos entregara a alma.
_Enfim, Bernard, podes negar, mas o fato é que acima de tudo o que ocorreu, está meu amor por ti, que foi o que me prendeu a teu lado. Por favor, não o rejeite, pois é a coisa mais pura que tenho a dar-te e a única verdadeira ante toda a tragédia de nossa vida triste e solitária...
_E o conde de Saint Denis? Conhece o conteúdo desta carta?
_Sim; mamãe lhe escreveu uma semelhante a esta,  contando-lhe tudo.
_E ele?- O remorso do duque havia rapidamente sido substituío pelo desespero.
_ Ele deseja que eu vá para seu castelo.
_E tu? Acaso vais?
_A menos que digas que minha permanência aqui não é de tua vontade e me expulses, nada irá tirar-me de junto de ti... 
E foi após essas palavras que o duque de Luberon entregou-se ao amor daquela mulher, usando a arma da verdade contra todos os preconceituosos de sua época, vivendo feliz com Chantal, com quem conversava diante da lareira, com o mistral do lado de fora, arrastando as folhas e embalando o amor de ambos, que  enxergavam na Provença outonal a mais bela paisagem.



quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Bem- Vindos!!

Bem, queridos, este é meu primeiro blog, no qual praticarei uma de minhas atividades favoritas: escrever.
É importante destacar que eu não sou escritora profissional, apenas deixo a minha criatividade fluir...
Escrever para mim é mais do que algo que faço com o intuito de "agradar" aos outros, mas, principalmente, uma forma de expressar meus sentimentos e trazer à tona a minha verdadeira face.
Como já disse, não sou profissional, por isso peço que não esperem obras-primas literárias, apenas histórias, que de alguma forma os permitirão distrair-se ao lê-las.
Um grande beijo a todos!
E aguardem minha primeira história!